Uma nova exposição acaba de chegar ao CCBB do Rio de Janeiro. Em ‘Arte Subdesenvolvida’, mais de 130 obras de diferentes artistas brasileiros, incluindo Cândido Portinari, retratam um marcante período da história. Nele, classificavam de “subdesenvolvidos” os países econômica e socialmente vulneráveis. Saiba mais!
Exposição retrata subdesenvolvimento e é dividida por décadas
Foi a partir dos anos 1930, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que os países econômica e socialmente vulneráveis passaram a ser denominados “subdesenvolvidos”. Isso gerou uma grande reação entre os artistas da época, que se posicionaram e até lutaram contra esse conceito.
Assim, parte dessa produção estará presente na mostra ‘Arte Subdesenvolvida’, que acaba de chegar ao CCBB do Rio de Janeiro.
Para retratar o debate em torno do subdesenvolvimento, a exposição se divide em décadas.
No primeiro eixo, “Tem Gente com Fome” apresenta as discussões iniciais em torno do conceito, entre as décadas de 1930 e 1940. Já o segundo eixo, “Trabalho e Luta”, apresenta uma série de obras de diferentes regiões do Brasil, onde começaram a proliferar as greves e as lutas por direitos.
O terceiro bloco se divide em dois. Assim, “Mundo e Movimento” faz uma mistura entre política, cultura e arte, com documentos do Movimento Cultura Popular (MCP), de Recife, e da União Nacional dos Estudantes (UNE), no Rio de Janeiro.
Na segunda parte, “Estética da Fome”, a pobreza é tema central nas produções artísticas. Assim, filmes de Glauber Rocha, obras de Hélio Oiticica e peças de teatro do grupo Opinião estão nesse bloco.
Por fim, em “O Brasil é Meu Abismo”, o eixo traz obras do período da ditadura militar e artistas que refletiram suas angústias e incertezas com relação ao futuro.
‘Arte Subdesenvolvida’ traz obras de Portinari e mais grandes nomes
Foram os muitos os artistas que se manifestaram durante o período, e a exposição incluiu obras de mais de 40 grandes nomes da arte nacional. Entre eles: Abdias Nascimento, Candido Portinari, Carlos Vergara, Carolina Maria de Jesus, Graciliano Ramos, Henfil, Jorge Amado, Lygia Clark, Rachel de Queiroz e outros!
Vale destacar, entre tantas obras, duas pinturas de Cândido Portinari, “Enterro” (1940) e “Menina Ajoelhada” (1945), que fazem parte do acervo da exposição. Isso porque muitas delas figuram o desespero, morte ou fuga de um território marcado pela falta de quase tudo.
Além disso, outra obra que também se destaca na mostra é Monumento à Fome, produzida pela vencedora da Bienal de Veneza, a ítalo-brasileira Anna Maria Maiolino. São dois sacos cheios com arroz e feijão envoltos por um laço preto. De acordo com a artista, esse laço é símbolo do luto.
Mostra também conta com atividades educativas
Além da exposição em si, outras atividades e instalações interativas também estarão ativas no CCBB.
Assim como em São Paulo e Belo Horizonte, a obra “Sonhos de Refrigerador – Aleluia Século 2000”, de Randolpho Lamonier, também fará um inventário de sonhos de consumo dos cariocas, que inclui desde áudios e manuscritos das próprias pessoas entrevistadas a objetos e peças têxteis. A instalação vai ocupar a Rotunda do museu.
Além disso, durante o período da exposição, terão atividades educativas, como a palestra “Arte e subdesenvolvimento no Brasil” com o curador e pesquisador Moacir dos Anjos.
O evento discutirá os modos como a arte brasileira reagiu à condição de subdesenvolvimento no país entre as décadas de 1930 e início da de 1980. E como ela incorporou, temática e formalmente, os paradoxos dessa condição.
Arte Subdesenvolvida
📅Até 05/05 | das 9h às 20h (exceto terças)
📌CCBB | Rua Primeiro de Março, 66 –Centro
💵Entrada gratuita